Reputação escolar: a imagem que não cabe em outdoors
texto de Willian Girarde, Gestor de Marketing do Colégio Carbonell
A imagem de uma escola não cabe mais nas medidas de um outdoor, por maior e mais colorido que seja. Na frente, outdoors ainda aceitam frases de efeito, imprimem qualquer tipo de número ou promessa, revelam fotografias bem captadas e imagens tratadas com IA; no verso, a comunidade escolar já entendeu a mensagem e não aceita qualquer recado vazio sob a forma de grande conquista. É que, com tanta informação à disposição, famílias deixaram de se convencer pelos bons discursos publicitários e o brilho das campanhas. Felizmente, famílias aprenderam a desconfiar de aparência pela aparência e passaram a observar cuidadosamente muitos dos fatores que realmente sustentam um cotidiano escolar: o modo como o estudante é acolhido, a atenção com que um professor escuta, a delicadeza de um reencontro no portão ao fim do dia, o respeito aos sonhos que nutre em si, dentre tantos outros. Enfim, a comunidade escolar entendeu que uma boa imagem escolar não se pinta em lona; é impressa nas experiências diárias e memórias da escola que ficam para sempre.
Por muito tempo, acreditou-se que o sucesso de uma escola se construía na visibilidade. Cansamos de ver outdoors espalhados por avenidas, placas de rua, publicações patrocinadas nas redes, números estampados com orgulho em cada canto da cidade. Tudo isso obviamente ainda tem seu lugar ao sol, mas já não é determinante quando o assunto é medir o quanto famílias confiam em escolas. Numa época saturada de mensagens, slogans e promessas, a verdade é que ficamos todos exaustos de uma vida baseada em desempenho, cansados — diria Byung-Chul Han em A Sociedade do Cansaço — dessa busca incessante por destaque e perfeição. A sociedade, finalmente, passou a buscar o que é verdadeiro, sem filtros, sem iluminação difusa ou maquiagem carregada.
Os rankings continuarão existindo, claro, e há mérito em obtermos neles resultados consistentes. Mas, claro está, os tempos mudaram. Como sociedade, estamos deixando de escolher a escola mais premiada ou conviver com a pessoa aparentemente mais legal para buscar a que nos inspira mais confiança; passamos a buscar mais coerência entre discurso e prática; valorizamos conquistas que não nos abafam como ser humano e não atingem como faca afiada nossa saúde física ou mental. Como sociedade, enfim, passamos a entender que estudantes não são máquinas de resultados acadêmicos e que o sucesso numa escola acontece no âmago das relações, na formação de cidadãos íntegros, na valorização da aprendizagem.
Outdoors se apagam, mas as experiências permanecem. E é nelas que a verdadeira reputação escolar se constrói: no silêncio do que é vivido e na certeza de que nenhuma lona, por maior que seja, será capaz de conter a mensagem que só um ser humano pode transmitir.
