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segunda-feira, 29/04/2024.
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💕 Adolescência: os impactos da psicologia e educação positiva são assuntos do blog

Adolescência: impactos da Psicologia e Educação Positiva
texto de Renata Nogueira, Orientadora do Ensino Médio do Colégio Carbonell

A adolescência é um período de estresse e instabilidade para filhos e estudantes, e que também afeta cuidadores e educadores. A vontade dos jovens de explorar a sensação de liberdade coexiste com o sentimento de exclusão e falta de controle dos seus responsáveis.

A Educação Positiva promove o relacionamento entre cuidadores, profissionais de educação e adolescentes, incentivando a relação honesta e saudável. Essas conversas visam ajudar os jovens a lidar com o mundo, transformar erros em oportunidades e estabelecer objetivos que contribuam para o bem-estar deles, assim como para o bem-estar dos pais e cuidadores. A abordagem busca evitar os perigos do controle excessivo e da permissividade, criando um ambiente equilibrado e saudável para o desenvolvimento dos adolescentes.

Embora o controle dê a ilusão de sucesso em curto prazo, as crianças que foram criadas com escolhas, responsabilidade e consciência têm maior probabilidade de serem jovens com habilidades sociais e de vida.

Bem-estar na adolescência

Sob o foco da Educação Positiva, busca-se o  equilíbrio entre o autoritarismo e a permissividade, com  gentileza e firmeza, em que todas as pessoas envolvidas devem ter respeito mútuo, com conexão e sensação de pertencimento. Isso gera efeitos a longo prazo e desenvolve  habilidades socioemocionais e capacidades pessoais.

Observando o momento atual dos nossos  adolescentes, identificamos alguns pontos importantes a serem desenvolvidos à luz da Educação Respeitosa.

Baixa tolerância a frustrações

A adolescência é um período desafiador, quando  os sujeitos começam a construir sua identidade, questionando verdades impostas,  o que torna os jovens mais vulneráveis ao desenvolvimento de transtornos emocionais ou comportamentais.

Os adolescentes passam a sentir a necessidade de se encaixar nos chamados “padrões sociais”, que são reforçados amplamente pelas mídias e estão vinculados à vontade de ser aceito pelos grupos dos quais fazem parte. Formar suas vontades individuais, mas ficar impedidos de  tomar decisões que consideram relevantes, pode desencadear comportamentos mais revoltosos ou até quadros depressivos, o que merece atenção dos educadores e de todas as pessoas que convivem com os adolescentes. 

Nossos adolescentes estão desenvolvendo a consciência de que, nem sempre, podem ter tudo o que querem quando desejam, e isso é algo que aprendem com o tempo. A Disciplina Positiva, por meio da comunicação não violenta e efetiva, vem para ajudar educadores a elucidar essa questão com os jovens, ajudando a desenvolver tolerância à frustração, entender e reconhecer seus sentimentos e a controlar suas impulsividades imaturas, incentivando o bom comportamento. A frustração é um sentimento que enfrentamos quando as nossas expectativas são quebradas e algo não sai como o esperado. Pode ser por coisas mais simples, como tirar uma nota baixa, mas também por situações mais complexas, como o fim de um relacionamento. A vontade de desistir e a perda de confiança em si mesmo também são comuns nessas situações que afetam a autoestima e parecem não ter solução. 

Quando as frustrações aumentam e essa sensação se acumula ao longo do tempo, a saúde mental é afetada e é possível desenvolver, até mesmo, depressão.

Diante disso, para aprender a lidar com as frustrações, a inteligência emocional é ferramenta importante que ajuda a conhecer as emoções e sentimentos para saber controlá-los, com empatia e autocuidado, desenvolvendo a resiliência por meio de uma análise racional da situação como um todo, conhecendo suas limitações, estabelecendo metas reais e alinhando expectativas.

Frustração é o sentimento decorrente da não realização de um desejo ou tendência; ou seja, é a reação diante da expectativa não correspondida. Para entender melhor, podemos dizer que é aquilo que sentimos quando algo que queremos ou esperamos não acontece. Essa não satisfação do desejo gera uma espécie de tensão interna, experienciada, geralmente, como uma sensação de tristeza e aborrecimento ou, em alguns casos, de desespero. Aqui é importante que os educadores sejam capazes de perceber quando o adolescente está triste e quando se sente frustrado. A frustração é importante para o crescimento, promove a autonomia e a resiliência, uma oportunidade para encontrar soluções para o aprimoramento aos desafios que virão.

Alguns autores descrevem a frustração como necessária ao desenvolvimento. Não compete aos pais, responsáveis ou educadores a responsabilidade de se evitar as frustrações, mas, sim, de ensinar aos adolescentes como lidar com elas de maneira adequada.

Assim sendo, é necessário acolher as emoções com empatia, lidando de maneira respeitosa em um momento oportuno, dependendo da idade do adolescente. Os educadores devem conversar com ele sobre a questão e propor condutas que sejam adequadas para os momentos de raiva gerados pela frustração.

Quando o adolescente sentir-se frustrado, peça que foque nas conquistas e vitórias que já alcançou, desenvolvendo sua flexibilidade e empatia consigo, o que o ajuda a analisar o lado positivo da situação. Estimule-o a pensar em estratégias possíveis e reais para o problema que o esteja frustrando. Esse momento nos remeterá à nossa adolescência, às nossas dificuldades e prazeres; por isso, é preciso que sejamos conscientes de que, nesse momento, é sobre o nosso adolescente e não sobre nós, que precisamos ajudá-los com o que ele entende que é importante e precisa, deixando de lado nossos julgamentos pessoais limitantes.

As forças de caráter são qualidades que persistem ao tempo, são comuns a diferentes povos e religiões e que admiramos em nós mesmos e nos outros. São rotas para se alcançar as virtudes universais. Sendo assim, conhecer e identificar quais forças esses adolescentes têm em maior e menor reincidência ajudará o cuidador ou educador a estimulá-los a exercê-las com destaque, sendo melhores consigo e com a equipe naquelas habilidades. Acredita-se que é possível obter mais satisfação, se identificarmos quais dessas forças temos em abundância e usá-las em todas as esferas da nossa vida. As forças de caráter podem ser descobertas por meio do teste VIA, que  é um autoavaliação cientificamente comprovada, disponível no site: https://www.viacharacter.org/character-strengths.

As 24 forças de caráter são:

Para autoestima, otimismo e resiliência

O adolescente está em pleno processo de desenvolvimento e amadurecimento, e o modo como ele aprende por meio das suas interações com o mundo, seja a família, a escola, os professores, os amigos, afeta a formação de sua autoestima; ou seja, o adolescente, ao relacionar-se, constrói sua autoestima a partir de reforçadores sociais (atenção, carinho, afago físico, sorriso). Desse modo, muitos adolescentes que vivenciam no seu dia a dia práticas educativas parentais inadequadas acabam tornando-se mais suscetíveis a construírem uma autoestima deficitária, ao não se sentirem especiais e amados. Nesse sentido, é necessário estratégias para que haja o desenvolvimento de um repertório de comportamentos resilientes, capacitando e fortalecendo os indivíduos para lidar positivamente com as dificuldades. Esse caráter construtivo da resiliência não nasce com o indivíduo, mas é adquirido por meio da interação com o meio em que vive.

Uma forma de lidar com as adversidades é por meio  do otimismo, que se caracteriza por um modo de olhar para a vida e avaliar o que os cerca de modo positivo e valorativo, favorecendo a visão do indivíduo face a acontecimentos futuros e os torna possíveis de alcançar, além de amenizar situações de mal-estar e promover a saúde. O otimismo é um fator importante para as expectativas profissionais futuras de adolescentes. Adolescentes que possuem uma orientação positiva para a vida apresentam expectativas otimistas e objetivos concretizáveis; e, ao contrário, jovens com uma orientação pessimista para a vida revelam expectativas negativas, não têm objetivos claros e abdicam com facilidade de uma tarefa. A comunicação positiva é uma variável essencial para a construção da autoestima, otimismo e resiliência. Quanto maior a comunicação positiva dos pais, melhor os filhos avaliam-se (autoestima), percebem o mundo de maneira mais positiva (otimismo) e apresentam melhor  capacidade de enfrentamento das dificuldades, pois entre os fatores que dificultam o desenvolvimento da resiliência está a dificuldade de relacionamento com os pais. Nesse contexto, as reuniões de família e no colégio, fundamentadas em uma comunicação respeitosa, consciente e não violenta, ajudam esses jovens a conseguirem falar de assuntos polêmicos vividos e a colaborar com as situações experienciadas pelos familiares e colegas.

O mundo atual necessita de colaboração, empatia, criatividade e autonomia. A submissão, a passividade e o individualismo não têm mais espaço. Assim como o mundo mudou, a educação precisa ser modificada. O que não mudou foi a necessidade de conexão, empatia e desenvolvimento de habilidades. Dessa forma, destacamos a importância de nos conectarmos com os adolescentes para que possamos ter relações mais harmoniosas.

Educar adolescentes requer coragem e grande compromisso da parte dos adultos que o cercam. É preciso tempo para treinar a si mesmo na Disciplina Positiva, cercar-se de pessoas que tenham os mesmo objetivos e compartilhem sucessos e dificuldades da prática, ensinar habilidades aos adolescentes, para que possam gerenciar suas vidas e praticar habilidades gentis e firmes.

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